Pronunciamento de Dilma em Belo Horizonte:
Estou feliz na Belo Horizonte em que nasci, feliz de ver a Praça da Estação cheia de mineiras e mineiros querendo lutar, resistir, e teimar em reconstruir a democracia.
Vamos voltar a crescer, a distribuir renda, vamos barrar este golpe parlamentar, um golpe comprado pelo dinheiro da corrupção, um golpe contra o povo brasileiro, contra a sociedade brasileira, contra os trabalhadores brasileiros e a soberania do nosso país.
Golpe baseado num impeachment fraudulento, que está desorganizando o país e levando ao caos, inclusive na relação entre os poderes.
Vivemos uma situação estranha. Aécio Neves, golpista, Michel Temer, golpista, estão são e salvos, criando a impressão de que no Brasil nós temos uma regra absurda: nós vivemos um momento em que é possível e é legal ter um presidente ilegitimo, sem voto, acusado e denunciado por corrupção, exercendo o poder e contrariando todos os interesses da população; enquanto uma presidenta correta e honesta, que não cometeu crime nenhum, é afastada por um impeachment fraudulento.
Que mundo é este em que as regras legais são distorcidadas e se tem uma situação em que algumas coisas ilegais se tornam legais?
Esses golpistas, alguns corruptos confessos, podem escapar das mãos da Justiça, enquanto esta mesma Justiça não tem contemplação com pobres, com trabalhadores, com negros, indigenas, estudantes secundaristas e universitários, trabalhadores sem teto, brasileiros e brasileiras sem terra. Estes podem ser perseguidos e condenados.
Que legalidade existe quando, sem prova, se persegue e se escolhe um inimigo político e se tenta destruí-lo, como eles fazem implacavelmente com o presidente Lula? Em que mundo este país vive quando e possível usar a Justiça como uma forma de combate político?
Enquanto isso, o presidente ilegítimo, que não teve voto, atinge, fere, e produz um rombo no nosso país. Impõe uma emenda constitucional que quase elimina os investimentos em educação e saúde por 20 anos. Principalmente em educação, que é o nossos passaporte para o futuro. Precisamos da educação para combater a pobreza, e também para gerar riquezas de trabalhos qualificados, produzindo ciência e inovação.
Este é um país que já tem uma legislação trabalhista e os golpistas fazem outra, que fere os trabalhadores e abre a porta para a volta da escravidão nas relações de trabalho. Um país que pega sua maior riqueza, que é o petroleo do pré-sal, e vende na bacia das almas. Que vende nossa maior empresa de energia elétrica, que é a Eletrobras. Que abre a venda de terras fértes para estrangeiras.
Temos um presidente que faz tudo isso não merece nosso respeito e nossa consideração. Que é um golpista e um entreguista do país.
A democracia está abalada, o país está abalado.
Nossas caravanas são uma das formas de discussão, de combate, de resistência e de luta.
O encontro do presidente Lula com os mineiros está mostrando uma realidade muito importante. De um lado, a consciência que a gente vê nas pessoas nas ruas. Mas a gente também vê nas pesquisas. O presidente Lula crescendo no apoio da população. A população tem memória, sabe das conquistas sociais, do Minha Casa Minha Vida, do Ciência sem Fronteiras, do Prouni, do Fies, do Mais Médicos.
E sabe da importância da democracia. Sempre que tivemos democracia nós avançamos. Isto ocorreu quatro eleições. Em quatro vezes nós derrotamos o programa liberal que agora eles estão implantando.
Derrotados tantas vezes, só restava a eles o camino que eles sempre usaram no Brasil, o caminho do golpe. O caminho que nós traçamos com Lula é o caminho da democracia.
Não vale querer agora ganhar no tapetão. Não agora que Lula tem mais do que o dobro da intenção de votos do segundo lugar.
Eles vão tentar nos amedrontar. Vão colocar na pauta que nós podemos sofrer o impedimento da candidatura de Lula. Nós não temos o menor medo deles. Esta caravana e este ato são demonstração de coragem das mineiras e dos mineiros.
Este golpe é um golpe misógino, é contra as mulheres, contra os trabalhadores, contra os negros. Eles temem a senzala. Sempre vou lembrar de uma médica negra, com a mãe lavadeira, que na fomatura disse, toda orgulhosa: “a casagrande surta quando a senzala vira médica.”
É isto! A casagrande sempre surta quando vê o povo brasileiro desfrutando de conforto, dos aeroportos, chegando às universidades, surta quando criamos o pré-sal.
Nós temos que resistir, temos que lutar, e nós, mulheres, principalmente. Nós, mulheres, teimamos. E com essa teimosia nós vamos construir a democracia, o desenvolvimento, a redução da desigualdade e o reconhecimento internacional pelo Brasil.
Um beijo em todos vocês.