DO BLOG DO SAKAMOTO
Trechos da entrevista com Fernando Haddad:
“Sendo bem preciso para não ser irresponsável, acho que o homem público tem uma responsabilidade derivada, não é só a responsabilidade de ele próprio não agredir pessoalmente ninguém. O que meu adversário diz, o que ele fala e a maneira que ele se comporta faz diferença, no caso de uma pessoa que é referência na sociedade. Para bem e para o mal. Quando você vai a um Estado, como ele foi ao Acre, e diz ”vamos metralhar petistas”, ele está sinalizando o que ele pensa da violência. Quando ele diz que a ditadura errou ao só torturar as pessoas e não matar, que deveria ter matado 30 mil pessoas, sinaliza que considera a violência um instrumento legítimo de solução de conflitos. Ele tem uma formação que toma a violência como instrumento de transformação da sociedade. Eu sou professor, eu tenho o oposto disso como critério. O critério do professor é o diálogo, é aprender com humildade para poder ensinar. É conviver com a diferença. Ele vê a diferença como um inimigo. Para mim, o diferente é uma oportunidade de aprender.”
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“Nós não podemos ter, hoje, o projeto de um partido, ou de uma cabeça só. A gente vai ter que ampliar o diálogo, somar forças democráticas, alinhar essas forças em proveito de um projeto de reconstrução nacional. Está tudo por reconstruir, as instituições, a economia, as relações pessoais. E isso só vai se fazer com gestos e com medidas duras que precisam ser tomadas para arrumar as coisas. Medidas duras não significa não-pactuadas, significa medidas profundas que a gente possa efetivamente chegar à raiz dos problemas.”
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“Todos, até mesmo o eleitor do meu adversário, podem esperar de mim democracia, paz, respeito, diálogo. Tudo que eu fiz a vida inteira como ministro, como prefeito. Você não vai ver uma frase minha desabonadora de uma pessoa, desrespeitosa a um adversário. Eu respeitei todo mundo que me respeitou. E mesmo os que me desrespeitaram, ocasionalmente, eu procurei minimizar, porque sou uma pessoa do diálogo, sempre construí consensos. No Ministério da Educação, aprovei duas emendas constitucionais e mais de 50 projetos de lei, sem que um único líder partidário indicasse voto contra. Aqui na Prefeitura de São Paulo, a mesma coisa. Conseguimos aprovar, eu com 20% da Câmara Municipal, plano diretor, lei de zoneamento, código de obras, reforma tributária, leis difíceis, com diálogo, convencendo a oposição de que aquele era o caminho para a cidade. Isso é o que eu pretendo, reconstruir o país com o diálogo, sem violência. Estimular a violência é o maior erro que estamos cometendo contra esse país.”
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