A presidente Dilma Rousseff afirmou hoje (31 de outubro), em entrevista ao vivo à TV 247, que o golpe que a destituiu do cargo deve estar se encaminhando para uma segunda a decisiva fase: impedir Lula de concorrer à presidência em 2018, mudar as regras eleitorais para impedir a vitória de um candidato progressista ou até mesmo cancelar as eleições.
— É claro que eles não fizeram o golpe para entregar de volta. Mas eles erraram na mão. Cometeram muitos erros. Fizeram uma rapina.
Segundo Dilma, os conservadores estão com grandes dificuldades diante da popularidade de Lula, que vence em todas as pesquisas eleitorais:
— Lula ganha no primeiro turno, e nós estamos caminhando para um impasse. Vivemos a ameaça de um segundo golpe, e esta ameaça está centrada em impedir Lula de ser candidato. Tirar o Lula para fazer o serviço sujo, privatizar a Eletrobras, vender o pré-sal, acabar com a previdência, fazer estas reformas que estão em compasso de espera. Se eles tivessem um candidato, várias coisas eles já teriam resolvido. Mas não têm um candidato.
Dilma defendeu a convocação de uma Assembléia Nacional Constituinte, para definir os rumos do país, e de um referendo revogatório para desfazer os estragos cometidos pelo governo ilegítimo:
— O Lula tem razão em falar em referendo. Não será quebra de contrato, estamos avisando antes, dizendo: olha, não comprem, porque o que está sendo feito é ilegal. Estão vendendo o que eles não tem voto e legitimidade para vender. Estão vendendo uma riqueza que não é deles e um país que não é deles e que eles não têm mandato pra vender.
A presidenta eleita afirmou que a Constituinte deverá tomar decisões sobre o poder monopolista da imprensa brasileira:
— Não podemos continuar com uma mídia controlada por quatro ou cinco famílias. No caso da informação, a concentração de poder é gravíssima.
— O mundo sem Globo é possível, presidente? – perguntou o repórter
— O mundo sem Globo não só é possível, como é necessário – acrescentou Dilma.
ABAIXO, OS PRINCIPAIS TRECHOS DA ENTREVISTA AO BRASIL 247:
COMPRA DE VOTOS PARA O IMPEACHMENT
Anular o impeachment é uma questão de justiça.
A compra de votos na Câmara para garantir a impunidade é um padrão adotado por Temer. Mas este padrão já havia sido adotado para obter o meu impeachment, porque já tinha sido o padrão do Eduardo Cunha na formação e manutenção da maioria parlamentar que ele tinha na Câmara.
Temer e Aécio estão sãos e salvos. Estão comprando sua impunidade. E de outro lado, o que se tem é uma presidenta que foi derrubada sem ter sido acusada de corrupção, que não cometeu nenhum ato que caracterize crime de responsabilidade. Ela pôde ser afastada apenas por não ter maioria parlamentar e por não ter comprado votos.
É objetivo já é de todos conhecido: compraram votos para aprovar o impeachment, e a Justiça tem que se manifestar. Até as pedras de todas as ruas do país sabem que o impeachment foi um golpe parlamentar e midiático.
Eu quero justiça, não pelo meu mandato, mas pela democracia e pelas instituições deste país.
A CANDIDATURA DE LULA
Lula esta sendo objeto de uma perseguição política. Levantam contra ele acusações sem provas concretas. E ele não tem nenhuma mala de dinheiro, nenhum apartamento com milhões de reais escondidos em malas e caixas, não tem contas no exterior. Está sendo acusado de ser dono de um apartamento que não está no nome dele. Acusações absurdas. É lawfare, uso da lei como arma de guerra. Usa-se a lei para destruir o inimigo civilmente, tira-se dele a condição de falar e de ser candidato e tentar ser eleito. É para impedir o uso pleno da cidadania. O maior uso da cidadania é ser candidato a algum posto eletivo, e querem tirar isto dele.
Mas não vão conseguir. O primeiro ato do golpe foi o impeachment, mas não parou aí: teve a emenda do corte dos gastos, a venda do pré-sal a preço insignificante… Agora, veremos a tentativa de interditar Lula. Mas como impedir Lula de ser candidato? Ele ganha no primeiro turno, e nós estamos caminhando para um impasse. Este impasse vai ser resolvido com a consciência da população de que esta situação é absurda: ter um sujeito no Palácio do Planalto exercendo o cargo que não lhe cabe, que é usurpador, e uma pessoa que foi eleita duas vezes presidente, democraticamente, que não pode concorrer de novo.
O problema é sério porque um dos efeitos do golpe foi a destruição do PSDB, e o outra é o surgimento de opções de extrema direita. Vão levar a sério um sujeito que defende a tortura e homenageia um torturador? É para isto que estamos indo?
SOBRE CANDIDATURA AO SENADO
Estou num processo de avaliação do que farei em 2018. Farei política, isto eu sei. Fiz política minha vida inteira. Comecei no Colégio Estadual Central de Minas Gerais, concebido por Oscar Niemeyer. Ali comecei a fazer política, há milhões de anos atrás. Naquela época, como agora, eu fiz política e não tinha mandato. O único mandato que eu tive foi de presidente. Posso continuar fazendo política sem mandato. O que estou avaliando é se vou usar outra forma, como senadora, por exemplo.
MUDANÇAS NO PRÉ-SAL
O que vai mudar para o brasileiro é que esta riqueza do petróleo poderia ser vertida para todos. No modelo de concessão, a base era a dificuldade de achar petróleo. Era difícil. Tinha que pagar uma taxa de sucesso. Dispendia-se muito dinheiro com baixa chance de sucesso. Era justo que quem achasse e explorasse ficasse com o petróleo todo e pagasse ao estado roialties e participação especial.
Mas é preciso levar em conta que o petróleo é muito lucrativo, e nós descobrimos o pré-sal. É diferente, agora. Nós sabemos onde o petróleo está, não precisa procurar. Fica tudo num grande polígono em alto mar. Sabemos onde fica, sabemos da qualidade e sabemos que a quantidade é enorme. A qualidade é boa, na concessão era mais pesado e menos valioso. O óleo do pré-sal é de médio para muito bom. O risco e baixo, é certo que ele esta lá. Em situações assim, nenhum país do mundo fez outro regime que não seja o de partilha. A Noruega, por exemplo, adotou o regime de partilha, parecido com o nosso, e agora está aqui comprando o nosso petróleo do pré-sal baratinho.
Na partilha, a maior parte do petróleo é do povo, e a parte menor fica com os exploradores. Na partilha, 70% é da União, 30% é das empresas. No campo de Libra, a Petrobras tinha garantia de 30% do petróleo, mas há uma manipulação na maneira como contam isto. São 30% dos 30% das empresas exploradores, o que significa na verdade apenas 9%. Para mudar a lei, fizeram uma conversa que engana a população brasileira. Além disso, a partilha tem um fundo social, do qual 75% ficou com a educação e 25% para a saúde. Este é o nosso passaporte para o futuro, que não tem no regime de concessão. Destinaríamos um volume enorme de recursos para a educação.
A educação combate a pobreza. Você pode fazer distribuição de renda, mas uma hora pode parar ou diminuir, podem cortar o Bolsa Família, como estão fazendo, e coisas assim, mas a educação é perene, você carrega para a sua vida, a redução da desigualdade promovida pela educação é permanente. O país enriquece, a Nação enriquece. O mais grave é que o governo fez uma emenda parlamentar que simplesmente congela o gasto com saúde e educação por 20 anos.
Agora, no pré-sal, desmonta o modelo de conteúdo nacional. O Brasil tem indústria e agricultura sofisticadas. O pré-sal com conteúdo local transformaria o Brasil num grande produtor de equipamentos, com uma indústria qualificada e de produtos caros. Produziríamos navios, plataformas, até móveis, equipamentos, tintas etc. É uma cadeia produtiva enorme, produzindo no Brasil o que pode ser produzido no Brasil, e dando emprego a brasileiros. Até imaginávamos trazer para esta cadeia produtiva indústrias internacionais. Elas viriam para produzir aqui. Mas este governo está entregando tudo para ser feito no exterior.
O futuro do Brasil é dramático. Estamos sendo vendidos barato.
REFERENDO REVOGATÓRIO É VIÁVEL?
Achei prudente e correta a carta enviada às embaixadas e empresas pela frente liderada pelo Requião e Patrus, com o Lindbergh também, dizendo que eles não comprem este Brasil que estão vendendo na bacia das almas, porque nós vamos rever tudo.
O Lula tem razão em falar em referendo. Não será quebra de contrato, estamos avisando antes, dizendo: olha, não comprem, porque o que está sendo feito é ilegal. Estão vendendo o que eles não tem voto e legitimidade para vender. Estão vendendo uma riqueza que não é deles e um país que não e deles e que eles não têm mandato pra vender.
HÁ INFLUÊNCIA INTERNACIONAL NISSO?
Temos uma elite que mistura políticos golpistas com mídia golpista e empresários egoístas. Em matéria de atitudes corretas diante do povo e da nação, eles não precisam de influência externa para fazer o que fazem. Por quatro eleições, era isso que eles queriam, este era o projeto deles: internacionalizar a economia brasileira. Sempre foi este o projeto – do PSDB e do Temer. Mas, obviamente que segmentos internacionais estão satisfeitos com esta orientação. Eles olham com felicidade e desconfiança. Ninguém lá fora é ingênuo de não perceber o que está acontecendo, que algo está sendo feito sem a legitimidade do voto. O politicamente inconcebível vira o politicamente inevitável. Pegaram uma crise, acentuaram a crise, inventaram um impeachment e aproveitam este tempo para fazer todas as reformas antipopulares e antinacionais que possam fazer.
E UMA CONSTITUINTE PODERIA DESFAZER ESTES ERROS?
Seria a forma mais democrática. Se quer fazer uma reforma democrática, convoque uma constituinte. Temos que mudar muita coisa. Por exemplo: não podemos continuar com uma mídia controlada por quatro ou cinco famílias. No caso da informação, a concentração de poder é gravíssima.
— O mundo sem Globo é possível, presidente?
— O mundo sem Globo não só é possível, como é necessário.
(risos)
Também precisamos de uma reforma tributária séria e a Constituinte poderia tratar disso. Aqui no Brasil, cobra-se muito imposto dos trabalhadores e da classe média, mas não se cobra imposto dos ganhos de capital. Não tributamos dividendos, não tributamos grandes heranças, não tributamos grandes fortunas. Todos os países tributam, mas nós não.
Nós vivemos num momento delicados da vida moderna. Cresce a financeirização. A atividade financeira abocanha a atividade produtiva. Isto gera concentração de riqueza e renda. Nos EUA, 1% da população detém 99% da riqueza deles. Aqui é igual. A desigualdade aumenta, e isto ataca a democracia. A constituinte pode refazer caminhos. Vamos fazer uma reforma tributária? Vamos cobrar dos ricos? É mentira que se cobrar eles vão deixar de investir. O mercado deles está aqui.
A carência de educação e saúde, saneamento, habitação é tamanha que precisa muito dinheiro. Tem que cobrar e gastar direito.
TEMER SURPREENDEU? PERCEBEU QUE SERIA TRAÍDA?
Ele jamais apresentou programa como candidato a presidente. Ele só apresentou a ponte, ou pinguela, na véspera do golpe.
Na transição da ditadura para a democracia, houve algo importante, porque criou-se um centro democrático: Ulysses, Covas, gente com perfil progressista. Este centro democrático foi se fragmentando. A grande inflexão foi Eduardo Cunha, que chegou para montar um novo padrão de relacionamento do legislativo com o mercado e impôs a mercantilização a todos os poderes, inclusive o judiciário.
Ele passa a receber dinheiro e comprar uma maioria parlamentar, e passa a ser chefe de poder. Porque tem um projeto de poder que implica ter 180 parlamentares, que ele controle porque os financiou de alguma forma. Ele é ultraconservador em termos de valores e ultraliberal em termos econômicos. Em termos éticos, é aquela figura que acredita que escrupulos é uma ilha grega. Marco Aurélio Garcia costumava dizer isto.
(risos)
Não é um processo pessoal, mas de formação de um grupo. Ele profissionaliza um grupo que disputa hegemonia e ganha o controle do chamado centro democrático. E pega os fragmentados. E financia um amplo conjunto de partidos e não apenas de partidos. O Temer ainda sobrevive porque esta compra de maioria parlamentar está firme. Atuou no meu impeachment e atua até agora, nas duas tentativas de processar o Temer.
FHC precisava de algo em torno de 3 partidos para fazer maioria simples e 4 para ter dois terços. Lula era 6 e 8, de 8 a 12. Eu precisei de mais de 20 a 30. Este processo de fragmentação facilita a corrupção e dificulta o exercício do governo. Quando acaba a cláusula de barreira, cria-se um mercado de fundo partidário e de tempo de TV.
Há 32 partidos e não há 32 projetos de país. Não há perspectiva de poder para todos, resta o fisiologismo. Um sistema produzido para fragmentar o processo político e facilitar a corrupção.
Nós fomos obrigados a compor uma coalizão. O prolema não foi este, foi no final do Lula e inicio do meu primeiro mandato, em que há uma alteração na hegemonia do centro. Ainda sem o padrão Cunha. Com o padrão Cunha, descamba para a direita.
COMO ELEGER MELHOR?
Sem uma mudança substantiva na formação das bancadas e na escolha das pessoas, não vai melhorar. Mas isto não vem de nós, só, é um processo que tem de levar a falar muito, esclarecer, discutir o caráter da democracia.
O executivo tem um processo de eleição que inibe a venalidade. A eleição parlamentar produz um parlamentar mais conservador.
Daí a importância da constituinte. Mas será que uma constituinte vai eleger um congresso mais ou menos conservador?
Talvez sendo uma constituinte exclusiva, fosse melhor. Elege, cria as leis e volta pra casa e faz nova eleição.
O DILEMA DOS CONSERVADORES PARA 2018
Está muito difícil. Os conservadores brasileiros correm o risco de ser representados pela extrema direita. O Bolsonaro comeu uma parte importante do voto conservador. Ele é fruto da intolerância cultivada por esses fazedores de golpe com papinhas dadas na boca. A intolerância instigada para criar um ambiente de golpe é muito forte. Monta a justiça para destruir o inimigo, faz do judiciário arma política. Eles abriram a Caixa de Pandora, e dela saíram os monstros da intolerância, da violência, do bullying do machismo e da homofobia, o bullying da censura à cultura e às artes… Os monstros criaram um clima terrível. Lembra o ambiente criado pelo AI-5, que destruiu a efervescência cultural e artística que havia no Brasil apesar do golpe de 64. Aí foi o fechamento total.
Vivemos a ameaça de um segundo golpe, e esta ameaça está centrada em impedir Lula de ser candidato. Tirar o Lula para fazer o serviço sujo, privatizar a Eletrobras, vender o pré-sal, acabar com a previdência, fazer estas reformas que estão em compasso de espera. Se eles tivessem um candidato, várias coisas eles já teriam resolvido. Mas não têm um candidato.
EXISTE UMA BURGUESIA PROGRESSISTA BRASILEIRA?
A visão de burguesia nacional típica dos anos 50, 60 e 70 não existe mais. O nível de integração internacional é elevado. Mas eu acreditava que havia segmentos interessados no desenvolvimento do país. Eu achava que esta situação de auto-estima brasileira no mundo seria importante e duradoura para parte da nossa elite. E seria uma questão de estado.
Hoje, eu não sei mais se eles são assim. Eu vi, por exemplo, empresários que obtiveram a parte fundamental do seu lucro no Brasil, com a gente precisando de educação de qualidade, dando dinheiro pra Harvard. Isto é um absurdo. Um empresário que obteve sua fortuna aqui! Não tem cabimento. Ele acha bonito ou quer formar uma elite internacionalizada submetida a outros interesses. Eu tenho uma sensação de muito ceticismo sobre como segmentos da elite empresarial brasileira enxergam o mundo. Eles não percebem como perdem valor por não valorizar o próprio pais.
REAÇÃO DOS EMPRESÁRIOS AOS ESTÍMULOS DO GOVERNO?
Há muito pensamento de curtíssimo prazo. Nunca se esqueça que redução de salário aumenta lucro, rentabilidade de curtíssimo prazo, pelo fato de que prevalece a lógica da financeirização sobre a lógica do capital produtivo. O capital produtivo pode esperar. O capital financeiro exige rentabilidade quadrimestral.
Quando vimos que a crise chegava inexoravelmente, mesmo que a tivéssemos barrado por seis anos, nós tentamos fazer duas coisas. Concedemos a desoneração da folha de pagamento, para aumentar a competitividade internacional numa época de queda salarial em todo o mundo; e demos outras desonerações, esperando que com elas a indústria expandisse sua atividade. Eles não fizeram isto, só ampliaram a margem de lucro. Embolsaram as desonerações. Isto é uma visão de curto prazo. É pensar “prefiro fazer isso do que ajudar o país”.
Instituições internacionais mostram que reformas trabalhistas como a que fizeram aqui têm efeito contrário do esperado. Afetam o problema da demanda, que já está deprimida. É a teoria do corte de gastos. Achar que sai de uma brutal recessão só com o corte de gastos. Deprimindo a demanda você agrava a recessão.
Com o golpe, eles acreditaram na fada das expectativas. Acharam que tudo ia dar certo em um ano. Era tudo em torno das expectativas negativas. Inventaram e alguns até acreditaram que a fonte das expectativas negativas éramos eu e o governo petista. “Tira eles que tudo se resolve!”. Eles subestimaram a própria crise. No final de 2014, há uma queda violenta no preço das commodities, que produz problemas na China, no Brasil e nos emergentes. E os Estados Unidos promovem um forte impacto cambial. E aqui no Brasil ainda tínhamos o quinto ano de uma grave crise hídrica.
DO PONTO DE VISTA PESSOAL, COMO FUNCIONOU O BULLYING?
Nada podia parecer certo. Fui inaugurar um aeroporto, e eles encontraram um banheiro pingando, fizeram um escarcéu incrível.
Também teve toda uma linguagem misógina e machista.
A Dilma é uma mulher dura. O homem é firme.
A Dilma é dura e insensível, não tem compromisso com a lógica.
A Dilma é uma mulher emocionalmente instável. O homem é sensível.
Eu era obsessiva compulsiva com trabalho, homem é empreendedor e trabalhador.
Este jogo da misoginia e do machismo é muito bem feito por quem o utiliza.
E é claro que tinha também o rastaquerismo: apelação, baixar o nível, xingar de tudo.
Não deixei de enxergar nada, mas fiz um imenso esforço para que isso não me diminuísse, não me paralisasse e não me atemorizasse.
Recebi uns dez a 15 telefonemas pra não comparecer ao Senado. Pensavam que me atemorizavam. Atemorizaria se eu os respeitasse.
COMO A DIREITA FARÁ SEM UM CANDIDATO VIÁVEL?
Podem até tentar impedir a eleição, mas vai depender da força de todos nós. O aspecto democrático prevalece sobre todos os outros. A condição para que a gente possa defender qualquer coisa no Brasil – os projetos destruídos ou em processo de destruição etc, para fazer tudo isso só tem um jeito: a democracia.
Democracia significa garantir eleições livres e diretas em 2018. E não permitir que eles ganhem no tapetão.
Eles podem querer tirar o Lula do páreo, podem não querer fazer a eleição ou podem querer mudar as regras.
É claro que eles não fizeram o golpe para entregar de volta. Mas eles erraram na mão. Cometeram muitos erros. Fizeram uma rapina.
Alguém não vê que não entregaram nada do que prometeram?Alguém desconhece que o Temer está envolvido em corrupção, com o governo todo?
A situação é precária porque, quanto mais eles tentam prestar contas ao mercado e honrar seus compromissos, mais eles se distanciam da população e ficam ilegítimos e impopulares.
Temer sabe que o que está fazendo é contra o interesse da população.
HÁ ESPERANÇA DE VENCER O GOLPE?
Eu tenho muita esperança. Sou muito otimista.
Acho que a situação pra eles está difícil. Não vejo como eles possam alterar tanto a regra do jogo. O risco que eles correm é muito grande. Não têm mais tanta adesão. Fiquei animada com as caravanas, que são um caminho de otimismo e perspectiva. Você percebe nelas o grau de consciência crítica da população. Temos que ampliar o espaço democrático. Este país é uma democracia e eles não podem romper com o aspecto formal dela.
Eles não podem acabar com a eleição ou impedir que alguém concorra.
Temos que resistir.
O mundo sem Globo é possível.
E, se me permitem, para encerrar: Lula 2018!