ARTIGO DE ANDRÉ ARAÚJO, publicado no GGN
A implantação de uma base no exterior precisa estar designada no Orçamento a ser aprovado no Congresso dos EUA. Não há dotação para nenhuma base nova, a tendência é fechar bases e não abrir novas. Os EUA tinham ao fim da Guerra Fria 2.000 bases, fecharam mais de 1.000, na América do Sul uma grande base, a de Manta, no Equador, neste caso por exigência do então Governo de Rafael Correa.
Agora, com a Câmara dos Representantes sob controle dos Democratas, uma nova base no Brasil DIFICILMENTE será aprovada.
Portanto não basta o Secretario de Estado Mike Pompeo achar ótima uma base no Brasil, é preciso que o Congresso, as duas Casas, aprovem a dotação.
Tudo isso apenas no aspecto do BUDGET, sem falar sobre outros fatores já mencionados como OBJETIVO, LOCALIZAÇÃO, SOBERANIA, IMUNIDADES.
Para 2019 só o custeio das bases já existentes consumirá US$ 50, 4 bilhões, valor que está na Proposta de Orçamento para 2019.
Hoje a lógica do Pentágono é a base naval em porta-aviões nucleares, que podem atingir qualquer lugar, sem falar nos submarinos, arma de ataque. O próprio Presidente Trump tem sugerido o fechamento de bases na Coreia do Sul para economizar dinheiro do contribuinte.
A maioria das operações no Oriente Médio sobre o Afeganistão, Siria e Iraque partem de porta aviões e não de base em terra.
A lógica é obvia, uma base em terra uma vez instalada não pode ser levada embora, é dinheiro enterrado, para que se tudo pode ser feito a partir de porta-aviões que sempre serão dos EUA? A lógica das bases em terra acabou e hoje a preocupação do Pentágono é fechar bases para economizar escassos recursos orçamentários.
Assim, esse tema de base militar americana no Brasil é fora de tom, de época, de razão estratégica, é um tema apenas politico. Nesse ponto coincide a visão dos militares americanos e dos brasileiros. Políticos como Pompeo e Ernesto Araujo agitam o tema mas a lógica militar é que manda.
Também do ponto de vista politico o tema é delicado. Base militar de um Pais em outro sugere uma OPÇÃO COLONIAL ou por resultado de guerras como no caso das bases na Alemanha, Japão e Coreia do Sul, cuja lógica vem de um conflito anterior, a Segunda Guerra, a Guerra Fria e a Guerra da Coreia. Uma base no Brasil só teria algum sentido se o Brasil estivesse sob ameaça de invasão, mas quem seria o invasor?
Hoje a grande preocupação do Pentagono é a expansão territorial chinesa no Mar do Sul da China e todos os recursos vão nessa direção.