Dilma: Temos que ter a ousadia de defender eleições diretas
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Dilma: Temos que ter a ousadia de defender eleições diretas

02/12/2016 11:41

Agradecendo a solidariedade das mulheres durante a luta contra o golpe, a presidenta eleita Dilma Rousseff (PT) acredita ser preciso ter a ousadia de defender as eleições diretas mais uma vez no Brasil.

Durante evento em comemoração de 30 anos das políticas para as mulheres da Central Única dos Trabalhadores e Trabalhadoras (CUT), Dilma lembrou que, a partir de janeiro de 2017, a Constituição prevê eleições indiretas caso Michel Temer (PMDB) saia do poder. Para ela, há golpe dentro do golpe sendo arquitetado.

A presidenta ainda avalia que o Brasil vive um estado de de exceção, onde há dois pesos e duas medidas. “Hoje temos um inimigo sendo construído, que são todos que querem se opor a esse governo, como os movimentos de ocupações nas escolas e universidades, mas não é inimigo os movimentos de extrema direita que invadiram o Congresso pedindo a volta da ditadura militar”, lembrou ela.

Para ela, o estado de exceção se manifestou na violenta repressão aos estudantes que protestavam em Brasília pela não aprovação da PEC 55. “A PEC 241 (PEC 55 no Senado) compromete de um lado a democracia e de outro é o retorno da política neoliberal que nós enterramos nas urnas em 2003”, diz. “Porque quando congela o gasto por 20 anos, o que está fazendo é desqualificar o voto”.

Dilma afirmou que sua chegada à Presidência mostrou que as mulheres podem.

“Em 2010, uma moça se aproximou de mim com uma menina, agarrada na saia da mãe, e disse que ela queria perguntar uma coisa. ‘Ela quer saber se menina pode. Se menina pode ser presidenta da República’. E eu disse pode”, contou Dilma.

Dilma lembrou que seu governo e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deram vários passos em relação à igualdade de gênero, mas que essas conquistas podem ter retrocessos com o golpe. A presidenta ainda disse ter orgulho de ter sancionado a lei das empregadas domésticas, que deu direitos trabalhistas a essas trabalhadoras.

“As mulheres são extremamente prejudicadas nessa lógica do privilégio que rege no país. Daí que tenho muito orgulho de ter sancionado a lei das empregadas domésticas”, afirmou. Outra ação foi direcionar as políticas distributivas, como o Bolsa Família, para as mulheres. Isso porque ela e Lula perceberam que eram as mulheres que estruturavam a maioria das famílias.

“Sem focar nas mulheres, as políticas de distribuição de renda não eram efetivas, porque as mulheres tinham um protagonismo especial na sociedade, porque elas estruturavam famílias”, afirma.

“Estatísticas provam que a miséria e pobreza tem uma face, que é a mulher negra e pobre”. A presidenta lembrou que, além da questão de gênero, é essencial combater o racismo em todas as instâncias, já que nosso país ainda não superou os privilégios provenientes da escravidão.

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