A presidenta Dilma Rousseff conversou com internautas pelo Facebook, nesta quarta-feira (18), para falar sobre o Bolsa Família, um dos maiores programas de transferência de renda do mundo. Muitos dos participantes questionaram sobre os riscos em relação à continuidade do programa agora que um governo golpista assumiu, interinamente, o comando do País. Sobre isso, a presidenta Dilma alertou para as propostas de redução do número de pessoas beneficiadas, algo ventilado na imprensa por integrantes do novo governo.
Uma dessas propostas cogita restringir o programa apenas aos 5% mais pobres. “O Bolsa Família foi feito para proteger as crianças mais pobres do nosso País e cortá-lo para 5% tiraria da proteção do Bolsa Família 16 milhões de crianças”, explicou a presidenta. “Hoje nós temos 17 milhões de crianças e jovens frequentando regularmente a escola graças ao Bolsa Família. Por isso, ficamos muito preocupadas com os cortes que estão previstos para o Bolsa Família. Sabe por quê? Porque se o programa for “focado” em apenas 5% vamos ter a seguinte situação catastrófica: a cada 30 minutos, 22 crianças deixariam de frequentar a escola.”
Um dos riscos de retrocesso, em um possível corte no programa, seria o Brasil voltar a figurar no Mapa Mundial da Fome, elaborado pela Organização das Nações Unidas, e do qual o País deixou de fazer parte em 2014. O assunto foi abordado por Jean Fabio Bussaglia e recebeu resposta da presidenta legitimamente eleita.
“Quando o Bolsa Família começou, em 2003, 10% da população estava em situação de insegurança alimentar, ou seja, não sabia se teria as três refeições do dia. Hoje, é menos de 1%. Por isso, o Brasil saiu do Mapa da Fome das Nações Unidas. É claro que se houver corte no programa há o risco de voltarmos ao passado. É com orgulho que podemos dizer que nasceu no Brasil a primeira geração de crianças livre da fome e na escola. Não podemos permitir retrocessos”, defendeu Dilma.
Ao responder uma pergunta de Marenildo Ferreira, a presidenta aproveitou para desmitificar críticas de que o programa deixaria os beneficiários acomodados. Pelo contrário, 70% dos adultos do Bolsa Família trabalham, o mesmo percentual dos adultos que não recebem o programa.
“É um preconceito muito difundido por aqueles que querem acabar com o Bolsa Família achar que quem recebe o benefício não trabalha ou que os pobres são pobres porque não querem trabalhar. O Bolsa Família para muitos é um complemento da sua pequena renda, para outros é a única renda que têm e a diferença entre ter alimento ou não. Mas o Bolsa Família é mais que renda é uma oportunidade. Ele dá acesso a quem quer formalizar seu próprio negócio e a se qualificar. Por exemplo, meio milhão de beneficiários já se tornaram MEIs”, disse.
Em resposta a Ana Luíza Marin, a presidenta também falou sobre o caráter transformador do Bolsa Família, ao promover o empoderamento feminino entre as pessoas que recebem o benefício.” 93% dos titulares do cartão são mulheres. Com isso, elas são as responsáveis por tomar a decisão sobre como usar o dinheiro, e nossas pesquisas mostram que elas usam corretamente, comprando alimentos, material escolar, medicamentos. Esse recurso dá muito mais autonomia e capacidade de decisão para as mulheres”, contou Dilma.