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Países da América Latina fazem mais testes de coronavírus do que São Paulo

16/04/2020 1:44

Ministério da Saúde informa apenas quantos exames teriam sido enviados aos estados; testar população permite, por exemplo, calibrar medidas restritivas

Vinicius Torres Freire, na Folha

Chile, Peru e Uruguai são os países que mais fazetestes de Covid-19 na América do Sul, considerado o tamanho da população. Os chilenos fizeram 4.806 por milhão de habitantes até está terça-feira (14). Os peruanos, 3.100. Os uruguaios, 2.858.

No Brasil, não há dados nacionais disponíveis. No estado de São Paulo, o número de testes por milhão é de 313, semelhante ao de México e Bolívia.

Coreia do Sul, país que recorreu a testes para localizar doentes e evitar o fechamento amplo da economia, fez mais de 10 mil testes por milhão. O Reino Unido, a França e a Turquia, por exemplo, fizeram cerca de 5.000, quase o padrão chileno.

Não apenas o número relativo de testes é superior ao paulista em quase todos os países sul-americanos com dados públicos ou confiáveis. O número absoluto também: seis vezes no Chile, sete no Peru.

Mais testes permitem que se tenha uma ideia mais precisa do espalhamento da epidemia e da letalidade da doença. Com mais pessoas testadas, é possível isolar os doentes mais precocemente, rastrear seus contatos e tomar medidas para que evitem contagiar mais pessoas. Enfim, mais testes tornam possível planejar medidas de isolamento e quarentenas direcionadas a regiões específicas.

O Ministério da Saúde não respondeu à solicitação de dados sobre testes ou informa que os números disponíveis estão nos boletins epidemiológicos. Os boletins, porém, não relatam o número de testes feitos e reportam de maneira imprecisa ou incoerente o número de testes que teriam sido enviados aos estados.

Em São Paulo, o objetivo do governo é aumentar a capacidade de testes para 5.000 por dia a partir da semana que vem, segundo informou a Folha.

O governo chileno, entre outros, não apenas informa o número diário de testes como também a ocupação de UTIs e uso de ventiladores respiratórios, entre outros dados específicos da evolução da doença.

Acompanhamento quase tão detalhado quanto o chileno é oferecido pelos governos da Colômbia, do Peru e do Uruguai, superior ao do governo brasileiro.

O Chile não adota uma política de isolamento geral, como no Brasil ou, ainda mais severa, na Argentina.

A política chilena é de “quarentena estratégica e dinâmica”. Alguns bairros, vilas ou cidades são isolados ou liberados aos poucos, a depender do número de casos, da fragilidade social da comunidade, número de adultos, perfil de idade e doentes crônicos, informa o governo chileno.

O país também procura rastrear os contatos de quem foi infectado pelo coronavírus, política facilitada pelo número maior de testes. Além disso, há controle de viagens, as aulas foram suspensas, há toque de recolher pela noite, restrição de aglomerações e fechamento de certos comércios.

Os dados relatados neste texto foram obtidos de relatórios oficiais de ministérios da Saúde ou equivalente. Alguns sites de estatísticas da Covid-19 divulgam dados sem fontes ou equivocados. O site Our World in Data, projeto abrigado pela Universidade Oxford, contêm dados checados de alguns países, no que diz respeito a testes.

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