Em poucas semanas, desde a confirmação do primeiro caso de Covid-19, já computamos mais de 2.400 casos e 57 óbitos por Covid-19, confirmando a tendência explosiva da doença em outros países. Os números têm sido crescentes.
A situação é extremamente grave e os especialistas em Saúde Pública não podem afirmar, com precisão, qual será o comportamento e a extensão da epidemia, ou quanto tempo irá durar em nosso país.
Apenas os “terraplanistas epidemiológicos”, liderados pelo presidente da república, que deveria ter a responsabilidade de conduzir os esforços de enfrentamento da pandemia em nosso país, é que ainda desdenham da sua gravidade e de seus trágicos efeitos econômicos e sociais, em especial sobre os mais pobres e vulneráveis, como moradores de rua, cortiços, favelas e pessoas privadas de liberdade.
Os próximos dias e semanas indicarão mais claramente o que vai ocorrer. Não é improvável, como indicou o Diretor Geral da OMS, que aqui e em muitos países do hemisfério sul tenhamos duas ou mais ondas, a depender do alcance das medidas tomadas pelos governos e adesão da sociedade. A primeira, que já estamos vivendo, com número imprevisto de casos, poderá ser seguida de outra mais importante, a partir do outono/inverno, em particular nas localidades mais frias do país, como os estados da região sul e sudeste.
A gravidade do quadro exige liderança e coordenação e este é o ponto mais crítico da resposta que o país vem dando ao Covid-19.
Desde a confirmação da nova epidemia, no início de janeiro, tivemos tempo suficiente para preparar um conjunto de estratégias de prevenção e de organização da resposta para atendimento dos casos, preparando o país para uma longa e difícil batalha, mas isso, infelizmente, não foi feito de forma adequada.
A despeito das ações insanas do presidente e de parte de seus ministros, a epidemia foi tratada inicialmente seguindo os preceitos técnicos recomendados pela OMS, já que o SUS conta, no Ministério da Saúde e nas secretarias estaduais e municipais de saúde, com equipes técnicas altamente qualificadas para as ações de vigilância epidemiológica que tentaram, sem sucesso, ademais como nos demais países, impedir a chegada do coronavírus. Todavia, não foram tomadas a tempo as medidas necessárias para mitigar o impacto a partir do surgimento dos casos e preparar o atendimento à população.
Isso se deve, em parte, à desorganização e falta de liderança do governo federal, e à oposição do próprio Bolsonaro às medidas que precisariam ser tomadas. Mas, fundamentalmente, resultam dos efeitos da política econômica neoliberal de Guedes e Bolsonaro, que desfinanciaram e precarizaram o SUS. Em 2019, foram cortados 9,5 bilhões de reais da saúde e, neste ano, outros 4,5 bilhões. Desde a instituição da emenda do teto (EC-95), de 2018 até 2020, as perdas na saúde somam 22,5 bilhões de reais.
Leia a íntegra deste estudo no link abaixo:
A resposta sanitária necessária à pandemia de Covid-19