Como se não bastasse a grosseria misógina e sexista de Bial contra Petra Costa, ao chamá-la de menina insegura em busca de aprovação dos pais, a candidata brasileira ao Oscar com o filme Democracia em Vertigem foi vítima de intolerável agressão oficial do governo Bolsonaro.
A Secretaria de Comunicação da Presidência exibiu um vídeo, feito com dinheiro público, para ofender uma artista brasileira apenas porque exerceu o inalienável direito de criticar o governo numa rede de TV. Trata-se de censura e de brutal desrespeito à liberdade de expressão.
Petra foi até serena na escolha das palavras, ao dizer uma pequena parte do que os brasileiros e o mundo já sabem: o Brasil é governado por um machista, racista, homofóbico, inimigo da cultura, apoiador de ditaduras, da tortura e da violência policial, e amigo de milicianos.
Petra Costa foi chamada de mentirosa por dizer a verdade que o mundo conhece sobre a maneira como o governo trata o meio ambiente: a Amazônia está sendo devastada pela leniência de Bolsonaro com o desmatamento e com as invasões, e pelo seu profundo desrespeito pelos indígenas.
O insulto mais grave da Secom a Petra Costa foi acusá-la de militante antiBrasil no exterior. Isto é não só mentira, como também uma inversão absoluta da realidade. Não há em nosso país ninguém mais antiBrasil e mais pernicioso à nossa imagem no exterior do que Bolsonaro.
A Secom usa a máquina pública para incitar ódio contra uma artista. Mas Petra nos enche de orgulho. Por ser mulher, talentosa, representar o país no Oscar e ter feito um filme que desmascara o golpe do impeachment ilegal de 2016 que levou o Brasil ao desastre chamado Bolsonaro.
DILMA ROUSSEFF