O BRASIL É BRUMADINHO - Dilma Rousseff
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O BRASIL É BRUMADINHO

Uma barragem se rompeu e dela escorreu a lama do obscurantismo, da intolerância e do fascismo: o resultado é o desastre que o país vive hoje

29/01/2019 2:42

Texto da página REXISTIR do Facebook

https://www.facebook.com/rexistiremos/

(com foto de Francisco Proner Ramos)

O Brasil é Brumadinho

Ao longo dos anos substâncias tóxicas decorrentes da exploração capitalista foram sendo acumuladas em diques de contenção. Era para ficarem lá, vigiadas, e escondidas em suas feiúras evidentes.

O Estado, o Direito e as Instituições, nos últimos cem anos, metaforicamente, haveriam de conter o que de pior advém das relações de produção fundadas na exploração. Ao final da Segunda Guerra, do desastre da forma política que melhor exprime o capitalismo sem limites, erigiram-se e reforçaram-se os diques social-democratas que, distribuindo moderadamente as possibilidades de acesso a bens e a direitos ditos sociais, continham a natureza predatória do capitalismo destruidor da vida.

No Brasil as “heróicas jornadas de junho de 2013” produziram as primeiras fissuras nas barragens institucionais e o fascismo começou a vazar, lentamente. O Judiciário foi o primeiro a ser contaminado. Sendo dele a função de guardião, por leniência ou por irresponsabilidade, limitou-se a orientar o sentido em que haveriam de fluir as emanações venenosas. A mídia e o cristianismo serviriam de aprofundados canais por onde a lama fétida, contaminada por crenças obscurantistas, seguiria seu curso destrutivo.

As instituições, o Direito e o Judiciário passaram a respirar os gases entorpecedores que os fragilizavam como diques de contenção. O resultado foi o desastre que vivenciamos.

As ideias redistributivistas, a cultura da solidariedade e da igualdade, as políticas públicas para pobres, as lutas antipatriarcais e identitárias foram arrasadas pela lama tóxica do capitalismo que se assume como verdadeiramente é, sem culpas ou complexos.

A mídia e os representantes das instituições já não falam em vítimas. Aludem a mortos e a sobreviventes. Assim será o Brasil pelos próximos anos. Parte das abrumadas esquerdas, como um fiat antiquado vermelho, no aluvião da iniquidade lamacenta, debate-se entre culpabilização das vítimas (nas ridículas exigências de autocríticas alheias), os moralismos com sinais trocados e primários punitivismos redivivos, exige mais repressão. Estamos todos contaminados.

DOIS LINKS

Brumadinho é o Brasil (https://jornalggn.com.br/…/brumadinho-e-o-brasil-por-wilson…) e o Brasil é Brumadinho.

Fotos de Francisco Proner Ramos (coletivo Farpa) para o jornal canadense The Globe and Mail.

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