Dilma Rousseff
Os cidadãos que prezam a liberdade e defendem os direitos humanos assistem estarrecidos ao julgamento, por um tribunal de Londres, do pedido de extradição para os Estados Unidos do jornalista e ativista australiano Julian Assange. Ele é perseguido desde que lançou o site WikiLeaks, por meio do qual tornou públicos milhares de documentos oficiais que comprovam a participação dos Estados Unidos em crimes de guerra e ações políticas ilegais.
Assange está preso na Inglaterra há um ano e meio, mantido em regime de completo isolamento e sem receber atendimentos médico e psicológico dos quais necessita. Antes de ser preso, passou sete anos refugiado na embaixada do Equador em Londres, tendo recebido cidadania equatoriana e passaporte diplomático. Mas tais direitos foram rasgados pelo governo de direita que tomou o poder no Equador, o que permitiu que o governo britânico o capturasse, para atender ao interesse dos aliados norte-americanos.
Se for extraditado para os Estados Unidos, Julian Assange estará na prática sendo colocado sob risco de vida. Mais uma morte terá também como vítima o verdadeiro jornalismo. Ainda será ferido o direito de todos à verdade. E a sua condenação à morte ou à prisão perpétua, sentenças possíveis dado o tribunal de exceção que vai julgá-lo, será um atentado à liberdade de expressão, fundamento civilizatório essencial. Serão cúmplices desta barbárie todos os que se omitirem, em especial a imprensa.
O crime de Assange foi divulgar documentos oficiais, portanto indesmentíveis, e que, além de crimes de guerra, mostram que agências de inteligência dos EUA insuflaram conspirações para desestabilizar governos legítimos e autorizaram manobras ilegais para beneficiar corporações norte-americanas contra suas concorrentes.
Tudo isto está registrado nos milhares de documentos internos dos serviços de espionagem e inteligência dos Estados Unidos que o WikiLeaks noticiou. Os Estados Unidos não desmentem os crimes, mas decidiram aniquilar o mensageiro que os revelou.
Julian Assange está sendo perseguido e esmagado por uma máquina de mentiras manipulada pelo lawfare, e está prestes a ser condenado em nome da barbárie, da aliança sustentada pelos chamados “Five Eyes”, sem nenhuma consideração e respeito pela liberdade de imprensa.
Negar a extradição de Assange para os Estados Unidos é uma questão de dignidade humana, respeito pela justiça e medida de cunho civilizatório.
#FREEASSANGE