Fim do Minc é demonstração de “obscurantismo” do governo ilegítimo, diz Wagner Moura - Dilma Rousseff
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Fim do Minc é demonstração de “obscurantismo” do governo ilegítimo, diz Wagner Moura

18/05/2016 12:06
Brasília- DF- Brasil- 03/09/2015- O ministro da Cultura, Juca Ferreira, recebe a visita do ator Wagner Moura. Foto: Ministério da Cultura
Bradar contra o Minc e contra as leis de incentivo é mais que ignorância, é má fé mesmo, diz Wagner Moura

 

O ator Wagner Moura foi mais um membro da classe artística a criticar o fim do Ministério da Cultura (Minc), anunciado pelo governo interino, que decidiu fundir a pasta ao Ministério da Educação. “A extinção do Minc é só a primeira demonstração de obscurantismo e ignorância dada por esse Governo ilegítimo. O pior ainda está por vir”, disse o ator, em resposta a questionamentos dos jornais Zero Hora e O Estado de S. Paulo – o diário paulista se recusou a publicar a mensagem.

 

Segundo Moura, que já se manifestou contra o impeachment da presidenta Dilma Rousseff, a próxima vítima da gestão provisória deve ser a legislação trabalhista. “Vem aí a pacoteira de desmonte de leis trabalhistas, a começar pela mudança de nossa definição de trabalho escravo, para a alegria do sorridente pato da FIESP, que pagou a conta do golpe”, acrescentou.

 

O ator também criticou o rebaixamento do Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos para um “puxadinho do Ministério da Justiça”. “Tudo será comandado pelo cara que no Governo Alckmin mandou descer a porrada nos estudantes que ocuparam as escolas e nos manifestantes de 2013”, protestou Moura, em referência a Alexandre de Moraes, ex-secretário de Segurança Pública de São Paulo.

 

Confira a íntegra da manifestação de Wagner Moura:

 

“A extinção do Minc é só a primeira demonstração de obscurantismo e ignorância dada por esse Governo ilegítimo. O pior ainda está por vir.
Vem aí a pacoteira de desmonte de leis trabalhistas, a começar pela mudança de nossa definição de trabalho escravo, para a alegria do sorridente pato da FIESP, que pagou a conta do golpe.

 

Começaram transformando a Secretaria de Direitos Humanos num puxadinho do Ministério da Justiça.  Igualdade Racial e Secretaria da Mulher também: tudo será comandado pelo cara que no Governo Alckmin mandou descer a porrada nos estudantes que ocuparam as escolas e nos manifestantes de 2013.  Sob sua gestão, a PM de São Paulo matou 61% a mais.  Sabe tudo de direitos humanos o ex-advogado de Eduardo Cunha, o senhor Alexandre de Moraes.

 

Mas claro, a faxina não estaria completa se não acabassem com o Ministério da Cultura, que segundo o genial entendimento dos golpistas, era um covil de artistas comunistas pagos pelo PT para dar opiniões políticas a seu favor (?!!!).

 

Conseguiram difundir essa imbecilidade e ainda a ideia de que as leis de incentivo tiravam dinheiro de hospitais e escolas e que os impostos de brasileiros honestos sustentavam artistas vagabundos.  Os pró-impeachment compraram rapidamente essa falácia conveniente e absurda sem ter a menor noção de como funcionam as leis (criadas no Governo Collor!) e da importância do Minc e do investimento em Cultura para o desenvolvimento de um país. É muito triste tudo. Ontem vi um post em que Silas Malafaia comemorava a extinção “do antro de esquerdopatas”, referindo-se ao Minc. Uma negócio tão ignóbil que não dá pra sentir nada além de tristeza. Predominou a desinformação, a desonestidade e o obscurantismo.

 

Praticamente todos os filmes brasileiros produzidos de 93 para cá foram feitos graças à lei do Audiovisual. Como pensar que isso possa ter sido nocivo para o Brasil?!  Como pensar que o país estará melhor sem a complexidade de um Ministério que cuidava de gerir e difundir todas as manifestações culturais brasileiras aqui e no exterior? Bradar contra o Minc e contra as leis (ao invés de contribuir com ideias para melhorá-las) é mais que ignorância, é má fé mesmo. 

 

E agora que a ordem é cortar gastos, o presidente que veio livrar o Brasil da corrupção e seu ministério de homens brancos, com sete novos ministros investigados pela Lava Jato, começa seu reinado varrendo a Cultura da esplanada dos Ministérios… Faz sentido.  Os artistas foram mesmo das maiores forças de resistência ao golpe. Perdemos feio.  

 

Acabo de ler que vão acabar também com a TV Brasil.  Ótimo. Pra que cultura?  Posso ouvir os festejos nos gabinetes da Câmara, nos apartamentos chiques dos batedores de panela, na Igreja de Malafaia e na redação da Veja:  “Acabamos com esse antro de artistazinhos comprados pelo PT! Estão pensando o que? Acabamos a mamata da esquerda caviar! Chega de frescura! Viva o Brasil!”

 

Trevas amigo… E o pior ainda está por vir”.

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