Dilma na França: enquadramento do Brasil foi uma das causas do golpe
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Dilma na França: enquadramento do Brasil foi uma das causas do golpe

01/02/2017 7:40

Em encontro no Senado francês, na terça-feira (31), a presidenta Dilma Rousseff afirmou que a principal causa do golpe é o enquadramento econômico e geopolítico do Brasil. “Ele se deu devido ao fato de termos transformado uma relação que era unilateral, sobretudo Brasil e países desenvolvidos, em uma relação multilateral”, disse lembrando que o Brasil só deu importância estratégica à América Latina e à África quando Lula assumiu a Presidência em 2003.

A presidenta se reuniu com senadores e movimentos sociais de defesa da democracia, em Paris, a convite da senadora do Partido Comunista Francês (PCF), Laurence Cohen. Dilma respondeu a três perguntas e pontuou que compreender o que está acontecendo é fundamental para agir e restaurar a democracia no País. “Tem que insistir na narrativa. E essa narrativa não é só houve um golpe no Brasil. A narrativa é: por que fizeram um golpe no Brasil?”.

A presidenta afirmou que o impeachment passou a ser uma estratégia na América Latina. “Quando não se derrota por eleição direta, recorre-se a ele”, disse, citando o impeachment de Fernando Lugo em 2012 e a sua própria destituição em 2016. Para ela, toda a América Latina está sob risco após os últimos governos conseguirem provar que era possível desenvolver os países e distribuir renda. “Até 2014, nós andamos contra a corrente. Todos os países da América Latina tiveram melhorias na distribuição de renda e agora constatamos movimentos conservadores. Em toda a América Latina se aproveita a crise econômica e tenta se instituir políticas ultraliberais e ultraconservadoras”, afirmou.

Para Dilma, o momento é de afirmar a democracia frente o avanço do neoliberalismo, o aumento das desigualdades e restrições democráticas que afetam os países latino-americanos. “Essa tríade perversa só pode ser implantada com medidas de exceção e o impeachment talvez tenha sido a maior medida de exceção, avaliou. “Por isso, a questão democrática é hoje fundamental, pois sem ela não há nem a questão social nem a questão de soberania”.

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